Semáforos-relâmpago de SP só dão 5 segundos para travessia de pedestre


27/03/2016 - Folha de São Paulo

Por Artur Rodrigues

Esquina da avenida São João com a Duque de Caxias. A dona de casa Maria Lúcia dos Santos, 59, mal pisa na faixa de pedestres e o sinal não está mais verde para ela.

"É muito pouco tempo para atravessar", afirma Maria Lúcia, esperando no canteiro central o semáforo abrir de novo. "Não atravesso no vermelho piscante porque tenho medo. Outro dia um rapaz foi atropelado aqui perto."

Os semáforos-relâmpago da capital são alvo comum de reclamação entre pedestres entrevistados pela Folha. Em muitos locais, o tempo é de cinco segundos.

É o que ocorre em frente à Prefeitura de São Paulo, no cruzamento da Líbero Badaró com o viaduto do Chá. Apesar do grande fluxo de pedestres, o tempo total de travessia é de apenas 15 segundos —10 deles em vermelho piscante. Por esse sistema, o verde significa que o pedestre pode iniciar a travessia e o vermelho piscante indica o tempo que tem para terminá-la.

A reportagem percorreu as ruas da região central e verificou que muitos semáforos têm tempo de travessia similar. Entidades de pedestres consideram 15 segundos pouco, principalmente levando-se em consideração a necessidade de idosos e pessoas com dificuldade de locomoção.

Mesmo em locais onde o tempo de travessia é maior, os pedestres têm problemas com vermelho piscante.

No cruzamento em xis das avenidas Ipiranga e São João, o tempo de travessia é de 38 segundos, mais do que o suficiente. Mas são só 7 segundos de verde e 31 de vermelho piscante. Sem saber quanto tempo terão para atravessar, os pedestres saem correndo. Outros ficam confusos e aguardam o verde de novo.

"Quando a CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] coloca um semáforo para veículos, calcula o fluxo no local. No caso dos pedestres, só calcula o tempo que a primeira pessoa leva para atravessar a rua, sem considerar se passa muita gente por ali", diz Joana Canedo, 44, da Cidade a Pé (Associação pela Mobilidade a Pé de SP).

A CET afirma que segue novos preceitos de manual do Conselho Nacional de Trânsito. "São previstos menores tempos de verde para os pedestres acrescidos de um tempo de vermelho piscante suficiente para a conclusão da mesma. Ao final, mais um segundo (ou mais) de segurança", afirma em nota.